O Politécnico do Porto apresenta a exposição Despidos de Contexto - Alguns Figurinos da ESMAE, patente na Árvore - Cooperativa de Actividades Artísticas, entre 10 e 25 de maio. No âmbito dos 25 anos do Curso de Teatro da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE), esta exposição, distribuída por três salas, tem curadoria de Manuela Bronze, artista plástica, figurinista e docente do Departamento de Teatro da ESMAE.
Para Manuela Bronze "todo o guarda-roupa funciona como um armazém de memórias pronto a potenciar desejos — cruzamentos insuspeitos, novas combinações, encontros conspícuos, segredos roçagantes, relações surreais, avessos de intimidades, separações dolorosas, tragédias sangrentas, ternuras voluptuosas, gargalhadas ásperas e silêncios pesados".
O figurino, muitas vezes entendido como algo que nasce para viver e morrer em palco é, no contexto de uma exposição, uma oportunidade para que o nosso olhar se demore em cada indumentária, na tentativa de explorar os bastidores da dimensão criativa onde a teatralidade, o efémero e jogo dos elementos plásticos recolhem ainda sinais daquilo que foi em cena.
Despidos de Contextos revela alguns dos trajetos que atravessam o objeto-figurino, desde o entendimento do processo criativo (de estudo, projeção e concretização na sua relação intrínseca com o palco, os atores, a luz e a própria dramaturgia), patente nos trabalhos finais do Mestrado em Artes Cénicas de Manuela Ferreira, Filipa Carolina, Lola Sousa e Hugo Bonjour, à designada "pudicícia e a impudência das modas", uma exibição dos constrangimentos sociais que o figurino exerceu sobre a silhueta e/ou exposição do corpo.
Manuela Bronze desafia ainda o público com uma mostra hibrída de peças e figurinos "que nunca antes se tinham encontrado em palco", criando novas narrativas e dramaturgias, "um pretexto para explorar os sentidos que partem do vestuário" — despido do seu contexto.