O acervo e coleções integradas no Museu do ISEP são de absoluta pregnância. Carregam a memória de uma instituição de ensino centenária que ocupa um lugar determinante na formação profissional especializada em Portugal. As peças que ocuparam a atenção de gerações de estudantes, traduzem-se numa significância e funcionalidade científica e pedagógica, a que acresce o dimensionamento artístico da própria execução das obras (tekne) a experiência estética que propiciam.
Nesta mostra, a memória científica, pedagógica associa-se à memória das artes, numa cumplicidade que nos eleva como espetadores e protagonistas do conhecimento, multimorfo e policrono, de um mundo a interpretar e refletir. Onde as obras de distintas camadas de passado admitem a diversidade de gostos que a atualidade exprime e legitima.
A coleção de pintura contemporânea do Politécnico do Porto não espelha o gosto de um colecionador que habita um gabinete de curiosidades individual. Resulta de uma consciência lúcida, dirigida por propósitos antropológicos, societários, éticos, pedagógicos, culturais mas sem dúvida, estéticos e artísticos, conciliando axiologias.
O acervo e peças das coleções do ISEP, devem ser entendidos enquanto reflexo da diversidade de linguagens, discursos, saberes e tecnologias que humanizam.
Ciente da responsabilidade em constituir e expandir o gosto criterioso e inteligente, propugna-se pela aquisição de hábitos que, ao longo da vida, acompanhem os estudantes e demais protagonistas desta tipologia de instituição de ensino superior. A diversidade interpretativa, a flexibilidade na receção, anunciam a capacidade argumentativa que deve anunciar o desenvolvimento identitário e a consciência científica, profissional, gregária, promulgando uma atuação fundamentada e crítica sobre o mundo nos seus desdobramentos e convicções.
A Arte consubstancia-se a partir de itinerários que cada pessoa, ao longo da história das Escolas do Politécnico concretiza; de objetos científicos e pedagógicos, tanto como as obras artísticas que acumulam vivências e experiências estéticas. A disponibilidade para a fruição e o pensamento adiciona-se nos acervos e coleções, arquivando o dinamismo da memória viva. Assim se consolidará a promoção de uma cultura visual e conceptual, à semelhança do que seja a adesão às demais expressões científicas, pedagógicas, artísticas e patrimoniais, todas exigindo um pensamento crítico alargado e cruzando territórios singulares suscetíveis de uma praxis interrelacional.
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