Empreendedor e realizador de sonhos é como Bruno Osório, 30 anos, se define. A paralisia cerebral com que nasceu, aos seis meses e meio de gravidez, confinou-o a uma cadeira de rodas, contudo, a única limitação de Bruno é mesmo a locomoção. “Os meus pais sempre me disseram que eu seria o que quisesse ser”, atira.
Mas esteve quase para não ser coisa nenhuma. Quando Bruno nasceu, “o médico disse ao meu pai para ir procurando uma funerária, que nem eu nem a minha mãe iríamos sobreviver” — enganou-se.
O momento em que Bruno deixa de sobreviver e decide tomar as rédeas do seu próprio destino é em janeiro de 2002. José Mourinho é apresentado, a meio da temporada, como treinador principal do Futebol Clube do Porto (FCP) e promete: “Tenho a certeza que no próximo ano vamos ser campeões nacionais.” Nessa época o FCP é terceiro, mas no ano seguinte, em 2002/2003, Mourinho cumpre o prometido e termina o campeonato confortavelmente em primeiro. “Esse momento mudou a minha vida por completo”, recorda, “nunca tinha visto alguém dizer uma coisa com tanta certeza.”
Bruno quis perceber de onde vinha tanta confiança e começou a estudar o fenómeno Mourinho. Esse processo culminou na sua transformação em atleta de alto rendimento, na modalidade de boccia, em que venceu várias competições nacionais e chegou à seleção nacional.
Do desporto para o empreendedorismo, a lição que Bruno levou para a vida foi que não há sucesso sem fracasso. Fundou, em 2016, ainda na faculdade, a empresa de tecnologia Foxtech (que esteve na Web Summit, em Lisboa, em 2017) e, em 2018, fundou outra startup, a Adamastor Studio, que desenvolveu e vendeu, em exclusivo, o jogo VRrock para a PlayStation da Sony.
Como engenheiro, uma das preocupações de Bruno é usar a tecnologia para tornar a vida dos outros melhor. "Para as pessoas sem deficiência, a tecnologia torna as coisas mais simples. Para as pessoas com deficiência torna as coisas possíveis." Outra das coisas que torna possível a visão de Bruno é a sua vertiginosa persistência, que todos lhe reconhecem. “É muito fácil desistir, mas desistir não dá gozo nenhum. A melhor maneira de me provocarem é dizerem que uma coisa não é possível.”
“Sonhar não é tudo, mas é a premissa principal para conseguirmos as coisas”, defende o alumni do ISEP. Em termos profissionais, Bruno está a cumprir o sonho. Pessoalmente, o sonho ainda está por cumprir. “Quero muito ser pai e acho que vou ser um bom pai”, defende.