Nascido em 1986, no Porto, Pedro Fonseca é um apaixonado pela sua geração “a geração mais fixe de sempre”. Se hoje vive rodeado de gadgets, num mundo online e em direto, em miúdo esfolou os joelhos a jogar a bola: “Ligava para casa dos amigos num velhinho telefone de disco para combinar jogar à bola na rua, vi o Rei Leão no cinema Charlot, joguei PacMan numa Atari 2600, vi aparecer a SIC e a TVI, e o primeiro telemóvel que tive também servia como pisa papéis."
Técnico Superior do Quadro Permanente do Ministério da Saúde, Pedro está colocado na Unidade de Genética Molecular do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, em Lisboa. Passou pelo Exército, tendo trabalhado na área da biossegurança, na Unidade Militar Laboratorial de Defesa Biológica e Química, onde fez Mestrado em Biologia Molecular. Passou pelo Instituto de Medicina Molecular, como assistente de investigação na área da micologia, e pelo Instituto Superior Técnico como estudante de Doutoramento em Engenharia Biomédica (que se encontra a concluir). “Mantive-me sempre na minha área científica de formação”, declara com algum orgulho.
Mas como começou esta aventura? Em 2004, no curso de Anatomia Patológica, Citológica e Tanatológica da Escola Superior de Saúde (ESS, à época ESTSP). Aqui, afirma, adquiriu uma sólida formação laboratorial aliada a uma base teórica competente, o que, garante, lhe deu “uma clara vantagem a nível profissional quando comparado com outros licenciados da área das Ciências Biomédicas”.
Considera a tecnologia como central hoje em dia, sobretudo num mercado de trabalho em constante mutação. “Todas as áreas científicas devem pelo menos familiarizar-se com conceitos básicos de programação e procurar desenvolver aptidões avançadas de informática.” No caso específico das Biomédicas, Pedro adverte: “Os cursos já não são estanques”, sendo por isso necessário apostar na articulação entre a engenharia, a medicina e a biologia. Essa transversalidade cria “um novo saber, que é onde os estudantes das áreas Biomédicas devem arriscar”.
Conhece as fragilidades desta geração de charneira: “É difícil hoje em dia alcançar estabilidade no trabalho. A precariedade nas relações laborais é uma dura realidade na Europa e em Portugal, em particular, com muitos jovens licenciados a trabalhar muitas vezes fora das suas áreas de formação e durante longos períodos, a recibos verdes, estágios profissionais ou com contratos precários e baixas remunerações.”
Por isso, aconselha: “É importante que os jovens recém-licenciados se valorizem, não aceitem trabalhar em más condições, e que esta seja uma atitude coletiva. Para conseguir trabalho com qualidade, é fundamental terminar os cursos com boas médias e o mais rapidamente possível. Os primeiros tempos após o término dos estudos devem ser investidos em experiência profissional — e aqui os estágios têm importância — nas respetivas áreas de formação, em instituições onde haja possibilidades reais de obter emprego, e onde se possa alargar ao máximo a rede de conhecimentos."
Mas também importa reconhecer "quando se está num beco sem saída profissional" e ter a capacidade de "mudar de rumo".