Artista, docente, músico, pianista, doutorando e investigador, Nuno Cernadas começou no exigente mundo da música aos oito anos, no Conservatório de Música do Porto, onde foi estudante de Fátima Travanca.
Em julho de 2010 concluiu a licenciatura em Piano, na classe de Constantin Sandu, com a classificação de 20 valores, tendo sido até à data apenas um dos três estudantes da história da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE) do P.PORTO a terminar o curso com classificação máxima.
“A ESMAE foi muito importante no meu percurso académico” – sublinha Nuno, destacando a exigência do programa de estudos, mas sobretudo “o ambiente fértil à partilha de ideias, à livre evolução pessoal e musical, ao auto-enriquecimento cultural e artístico”.
Hoje o novo desafio é a vibrante cidade de Bruxelas. Centro da atividade política europeia, esta foi a escolha de Nuno para o doutoramento sobre as sonatas para piano de Alexander Scriabin, pianista e compositor russo. Sob a supervisão do eminente pianista belga Jan Michiels, trabalha ainda com o pianista Håkon Austbø, co-orientador do doutoramento, mundialmente famoso pelos mais de 45 discos gravados ao longo da sua extensa carreira, muitos deles dedicados a Scriabin.
Nuno encara Bruxelas como uma nova e entusiasmante etapa na sua vida artística e pessoal “uma cidade fantástica, vibrante, onde a prática artística é encarada com um espírito livre e aberto à descoberta”.
Antes esteve na Alemanha, onde estudou na Hochschule für Musik Freiburg im Breisgau na qual concluiu o mestrado em Performance, com classificação máxima. Trabalhou com pianistas de reconhecido prestígio e passou por Hungria, França, Inglaterra, Espanha, Roménia ou Ucrânia. É um percurso notável, pontuado pelos mais diversos prémios e reconhecimentos, com concertos a solo ou em ensemble.
Um compasso de vida fortissimo, uma sonata ad libitum com um prelúdio, um tempo primo muito particular, que tem como palco os jardins da ESMAE e aquele grupo de amigos que, teima em persistir ao intermezzo da distância.
“Os anos em que fui estudante da ESMAE” – declara – “foram decisivos na formação da minha personalidade enquanto músico e artista, e muito do que vivenciei na ESMAE guiou-me para a escolha de certos ideais artísticos, assim como à rejeição de outros”. De facto, a obra de Scriabin, objeto do mestrado e do doutoramento, teve início no período da licenciatura, ao qual Nuno evoca constantemente.
“Vejo claramente o impacto que o período de estudos [na ESMAE] teve na formação da minha personalidade e identidade artística, e sou muito grato pelo contributo que a escola teve no meu percurso”. Aconselha os futuros diplomados a explorar as oportunidades, mas agarrar ao máximo os desafios de qualidade.
“É importante” – conclui – “que não limitem a sua prática às quatro paredes da ESMAE, que não pensem na instituição senão como um microcosmo de preparação para outros e maiores voos, e que saibam sempre escolher as suas referências, rejeitando o que é sensacional mas vazio de conteúdo e substância, e preferindo antes uma via em que as suas vozes artísticas se possam expressar com honestidade e sem artificialismos”.
Quanto aos altos voos do Nuno, estamos convictos do crescendo do seu percurso e do ritmo do seu trajeto.