Decorreu, na tarde de 15 de janeiro, na Sala de Atos da Presidência do Politécnico do Porto, a sessão de apresentação pública do projeto Digit'All. Trata-se de um esforço conjunto, inovador e abrangente, da Associação de Politécnicos da Região Norte (APNOR), um consórcio constituído por quatro Instituições de Ensino Superior (IES): o Politécnico do Porto (P.PORTO), o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), o Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA) e o Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC).
Na sessão marcaram presença Paulo Pereira, Presidente do Politécnico do Porto; Orlando Rodrigues, Presidente do IPB; Carlos Rodrigues, Presidente do IPVC; Maria José Fernandes, Presidente do IPCA, e as equipas envolvidas no projeto desde a sua submissão provenientes das quatro instituições. Todos os responsáveis máximos das IES tomaram da palavra, numa apresentação pública que foi encerrada por Sara Paiva, Pró-Presidente do IPVC, com um keynote sobre o Digit'All.
Paulo Pereira começou por contextualizar este programa tendo em vista o atraso europeu face aos concorrentes (EUA e China) diagnosticado por Draghi no seu, agora famoso, relatório. "A Europa está confrontada com um conjunto de desafios que passam pela falta de produtividade e de competitividade" e urge "resolver e ultrapassar" esses desafios para que a Europa possa manter "os seus valores, o seu modelo social e o bem-estar das suas populações". O que será difícil, pela "falta de capacidade política" que se antevê, com crises políticas nas duas maiores economias do continente, Alemanha e França. Como é que podemos tentar ultrapassar esta tempestade "quase perfeita"? Fundamentalmente, apostando na "formação dos cidadãos". É aqui que entram em cena projetos como o Digit'All.
Para o apresentar, Sara Paiva começou por agradecer o esforço conjunto de todas as pessoas envolvidas, antevendo Key Performance Indicators (KPI) de grande exigência. "Não vai ser um projeto fácil de cumprir", admitiu. A Pró-Presidente do IPVC destacou o foco em áreas não CTEAM como característica diferenciadora do Digit'All. "Vai obrigar-nos a pensar de maneira diferente e num público diferente".
Os objetivos deste projeto são, essencialmente, reforçar a capacidade formativa nas competências digitais das pessoas provenientes de áreas disciplinares não CTEAM (ciências naturais; tecnologias da informação e comunicação; engenharia, indústrias transformadoras e construção; artes e humanidades; e matemática e estatística) e fortalecer a capacidade formativa em áreas menos avançadas na transformação digital na formação superior, seja ao nível de formação inicial, seja ao nível da reconversão e qualificação digital de diplomados já a exercer a sua atividade profissional.
Assim, falamos de áreas de educação e formação como sendo audiovisuais e produção dos media; informática; ciências informáticas; informática (programas não classificados noutra área de formação); eletricidade e energia; e eletrónica e automação. O público-alvo são jovens e adultos com formação de base em áreas não CTEAM e profissionais com formação de base em áreas não CTEAM que pretendam ser docentes na área das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).
As ações de formação decorrerão nos três campi do Politécnico do Porto; em Bragança, Chaves e Mirandela (IPB); Barcelos, Braga e Vila Verde (IPCA); e Viana do Castelo, Melgaço, Ponte de Lima e Valença (IPVC). O total de formandos estimado é de 2.650, distribuídos do seguinte modo: 760 no Politécnico do Porto e 630 em cada uma das outras três IES.
Os eixos de atuação serão cinco. A saber:
- APNOR Start Digital: Desenvolvimento de competências digitais; Público-alvo: Jovens estudantes que concluíram o ensino secundário e que estejam a frequentar um Curso Técnico Superior Profissional ou uma licenciatura numa área não CTEAM; Ações de formação: Microcredenciais.
- APNOR Tech Reskilling: Requalificar pessoas desempregadas ou em situação de subaproveitamento, sem exigência de conhecimentos prévios nas áreas das TIC; Público-alvo: Adultos ativos no mercado de trabalho ou alumni que enfrentam desafios de empregabilidade em áreas não CTEAM que já estejam a exercer a sua atividade profissional; Ações de formação: Microcredenciais.
- Programa APNOR TIC Learning: Dotar professores em áreas não CTEAM com qualificações em TIC que lhes possibilite a construção de um currículo em progresso para satisfazer os requisitos legais exigidos; Público-alvo: Professores em áreas não CTEAM; Ações de formação: Microcredenciais.
- Programa APNOR Digital Challenge: Desenvolvimento de competências digitais através de ambientes dinâmicos e participativos que inspirem a inovação, estimulem a criatividade e incentivem a diversidade de perspetivas e complementaridade de competências; Público-alvo: Jovens estudantes que integram ciclos de estudo de áreas não CTEAM; Ações de formação: Hackathons e Maker Days — estas atividades serão organizadas de forma rotativa por cada politécnico do consórcio, mas estarão abertas para a participação de jovens estudantes das áreas não CTEAM de todos os parceiros.
- Pós-Graduação Transformação Digital APNOR: Obtida por meio de microcredenciais que compreendem o tronco comum ou contribuem para a creditação em diferentes ramos (Transformação Digital no Mundo Empresarial; Transformação Digital no Ensino; Transformação Digital e Audiovisual; Transformação Digital e Segurança Informática); Público-alvo: Adultos ativos no mercado de trabalho que necessitam de upskilling ou reskilling, e alumni de áreas não CTEAM que enfrentam desafios de empregabilidade; Dividida em dois semestres, sendo que o primeiro semestre será comum em todos os parceiros, e o segundo semestre será de especialização, sendo adaptado ao ramo escolhido e às especificidades de cada instituição parceira.
Quanto às ações de formação, com vista a trabalhar numa aproximação da APNOR ao tecido empresarial e de outras organizações regionais, dividem-se em hackathons, maker days e microcredenciais. As primeiras são eventos colaborativos e intensivos, nos quais os participantes, em equipas multidisciplinares e multiculturais, trabalham de forma concentrada e focada para desenvolver soluções para desafios específicos. Os maker days são eventos práticos que têm como base a democratização do acesso a tecnologias e técnicas, nos quais os participantes têm a oportunidade de colocar em prática conhecimentos e desenvolver competências do saber-fazer, criar mockups e protótipos e experimentar tecnologias emergentes, em colaboração com centros de investigação e empresas. E, por último, as microcredenciais são cursos de formação que oferecem uma forma flexível e direcionada de ajudar os formandos a desenvolver os conhecimentos, as competências e as aptidões digitais.
Ao todo, falamos de 24 microcredenciais (2.110 formandos e mais de 2.500 horas de formação), oito eventos (quadro hackathons, quatro maker days com 540 formandos) e uma pós-graduação, com início em março e abril de 2025.