O MedLIS Medicamentos que Falam propõe uma etiqueta eletrónica e interativa que permite ao farmacêutico colocar na caixa do medicamento com a informação necessária para a sua toma correta e que o utente poderá ouvir ao aproximar o seu telemóvel. É também possível partilhar indicações do profissional de saúde e assinalar quanto tempo falta para a próxima toma.
O objetivo é contribuir para a autonomia e melhor gestão da autoadministração, nomeadamente junto de pessoas mais vulneráveis, como, por exemplo, com incapacidades visuais ou com índices de literacia mais baixos, mas também junto dos jovens que, tão habituados à interação e à rapidez do digital, podem ter acesso às indicações dos tratamentos de uma forma mais cómoda.
O projeto desenvolvido por estudantes e docentes da Licenciatura em Engenharia Biomédica do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) ganhou o Prémio João Cordeiro 2019, promovido pela Associação Nacional das Farmácias (ANF). Este prémio distingue investigações originais no âmbito da intervenção e do conhecimento na área da saúde e que promovam a inovação e o desenvolvimento das farmácias. O resultado foi anunciado no dia 19 de outubro, sábado, na Pátio da Galé, em Lisboa. A equipa foi premiada com 20 mil euros para apoio ao desenvolvimento e implementação do projeto.
A ideia surgiu no âmbito de uma unidade curricular da licenciatura, em que os estudantes identificam lacunas na área da saúde, e com impacto na sociedade, e propõem soluções para amenizar esses problemas. “É de extrema importância para a formação dos nossos estudantes saberem que os projetos que desenvolvem podem ultrapassar a sala de aula e aumentar a qualidade de vida a inúmeras pessoas, o que lhes traz um sentimento de realização acrescido. Estamos a formar engenheiros sim, mas queremos que sejam engenheiros com alma, atentos à sociedade que os rodeia”, refere Sara Reis, docente do ISEP e responsável pelo MedLIS.
A equipa vai agora focar-se no desenvolvimento do software que permite a programação em tempo real das etiquetas a colocar na caixa de medicamentos e, de seguida, na implementação nas farmácias, numa primeira fase, da cidade do Porto.